sábado, 19 de janeiro de 2008

# I - O abrir das hostilidades

"Um livro, dois livros, três livros..." contou mentalmente José "nunca vou conseguir ler tudo isto a tempo". Suspirando, atirou os livros para dentro da mala e afastou-se mal humorado da livraria. Saiu, sorrindo insolentemente ao segurança, um símio de farda e maxilar estúpido que o encarou mal humorado.

Há meses que roubava livros naquela livraria. Por entre todos os clientes, os milhares de livros e o segurança estúpido que batia os pés de aborrecimento à porta, nunca tivera problemas. Afinal, que diferença fariam dois ou três livros por semana? E desta vez, precisava mesmo dos livros. A resposta estaria ali.

Matutando os acontecimentos da noite anterior, avançava apressado para casa. A noite caía, outra vez. A rua, sufocava no calor silencioso, enrolada em cachecóis e mantas de flores e trepadeiras que caíam desfiadas pelos muros secos das vivendas vazias
"Todos de férias" resmungou José "e eu aqui, numa situação destas".
Subitamente, uma sombra atrás de si projectou-se por cima da sua cabeça. Sobressaltado, José virou-se para trás.

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