domingo, 20 de janeiro de 2008

# III - Só se estraga uma casa...

"O anel!" borbulhou a Madame Sapa, mostando os dentes esverdeados num sorriso que fez José encolher-se.
"O anel" assentiu o Sr. Símio, passando o braço sobre os ombros de Madame Sapa num sorriso que lembrou a José um documentário que vira na semana anterior sobre os benefícios da Vitamina C.
"Mas que anel?" sobressaltou-se José.
"O anel. O anel" repetiu a gorda.
"Mas qual anel?" retornou José, exasperado com o sorriso estático do segurança que o fitava feliz.
"Não se lembra?" perguntou o segurança. "Ontem, à noite, aqui? Encontrámo-nos ali junto ao nº21? O amigo garantiu-me que precisava do anel, que era uma questão de vida ou de morte..."
"Eu...eu...olhe..." gaguejou José "eu não faço ideia do que estão a falar."

Madame Sapa encarou um subitamente sério Sr. Símio num esgar que fez os joelhos de José tremerem. Preparava-se para começar a correr, quando o Sr. Símio voltou ao sorriso que prendeu os olhos arregalados de José à sombra da gorda.

"Bem, então desculpe, é engano."

Voltando-lhe costas, os monstros afastaram-se conversando furiosamente baixinho.
José, confuso, deixou-se ficar ali no meio da estrada cada vez mais escura. Um anel? Encontrara o segurança na noite anterior? Como era possível?

Sem comentários: